
Especialistas que palestraram no ‘2° Seminário do Patrimônio Cultural Negro’, promovido pelo Ministério Público do Estado da Bahia hoje, dia 12, destacaram a relevância da história e cultura do povo negro para consolidação do patrimônio cultural brasileiro. No painel ‘Festas Populares no Brasil’, a historiadora Raquel Barreto e a jornalista Cleidiana Ramos abordaram o papel da comunidade negra na formação desse patrimônio e reforçaram a importância de lutas travadas, ao longo da história, para preservação da memória e da cultura do povo negro.


O coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Nudephac), promotor de Justiça Alan Cedraz, à frente do seminário, registrou que o evento acontece dentro do Novembro Negro e que “a defesa do patrimônio cultural negro é também uma forma de justiça racial, uma forma de reparar invisibilizações históricas e de fortalecer políticas públicas voltadas à salvaguarda dos saberes e práticas das comunidades de matriz africana”. “O seminário nasce do compromisso do MP em reconhecer, valorizar e proteger a contribuição da comunidade negra na formação da sociedade brasileira, especialmente aqui na Bahia, território de maior ancestralidade africana fora da África, onde a memória e a cultura negra sustentam a vida, a fé e a arte do nosso povo”, concluiu. Também participaram da mesa de abertura, Alex Copas, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que assinalou que o MPBA é parceiro do Iphan em diversas demandas, ‘o que torna a ação do órgão muito mais eficaz”; e Vagner Rocha, da Fundação Gregório de Matos, que afirmou que “o seminário é um processo também de
Ao falar sobre o papel da mulher na formação das festas populares no Brasil, a historiadora Raquel Brito citou o livro ‘Festas Populares no Brasil’, de Lélia Gonzalez, assinalando que a autora abordou a cultura brasileira apontando as raízes na cultura negra já na década de 70. Segundo a historiadora, a relação capital versus trabalho foi definida pelos africanos e seus descendentes e o mundo da cultura também. “Um lugar luminoso pra gente poder observar isso é nas festas populares, que seguem um calendário cristão, pois é nelas que, segundo Lélia, os africanos e seus descendentes compreenderam que era possível reatualizar seus mitos, festas e tradições, aproveitando esse espaço para celebrar a sua própria cultura e, com isso,
A jornalista Cleidiana Ramos abordou a resistência da ancestralidade frente às tentativas de apagamento nas celebrações de festas de rua em Salvador, sobretudo na ‘Festa de Yemanjá”. Segundo ela, “não tem festa de largo em Salvador que não tenha a mão afrobrasileira”. O legado é do povo negro, que tem resistido ao longo dos séculos, afirmou Cleidiana, citando vários episódios em que a igreja católica tentou invisibilizar a cultura do povo negro. A jornalista chamou atenção
